quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"Desengasgando"

Acabei escrevendo muitas coisas no meu diário agora, e como isso está diretamente ligado a esse blog e a minha vida hoje, resolvi deixar registrado aqui.
Estava pensando até que ponto minha personalidade influênciou na gordura e até que ponto a minha gordura influenciou na minha personalidade.
Bom, sempre fui insegura, desde criança. Freud e a Dra Neusa (com quem fiz terapia um tempinho) explicam. Sempre achei que nunca ia ser boa o bastante, inteligente o bastante, esperta o bastante. Esperava elogios que quase nunca vinham.
E enquanto isso, fui comendo, comendo, e quanto mais comia, mais engordava. E menos atraente ficava. E me sentia até confortável com isso, porque talvez no fundo achasse de verdade que não merecia elogios.
Era bem mais fácil então ser a amiga de todo mundo, aquela que todos podem contar, que está pronta pra fazer elogios aos outros, aqueles que ela acha que não merece, e que o resto do mundo merece sim.
A gorda simpática, a pessoa doce, gentil, o ouvido, foi o que surgiu. E aí fui me aperfeiçoando nisso, e realmente acreditava que não podia ser desejada. Quando apareceu alguém que parecia me desejar, me agarrei como se fosse a única coisa que ia me salvar nessa vida. Hoje eu acho que não era amada como devia e merecia, mas, se nem eu mesma gostava de mim, como alguém ia gostar?
Me escondia do mundo na minha gordura, e só mostrava sempre a pessoa feliz, de bem com a vida, só que ninguém consegue fingir o tempo todo, então as vezes tudo aquilo explodia. Crises imensas.
É lógico que uma hora as coisas iam desmoronar, e aquele amor que talvez nunca tenha sido de verdade se acabou. Chorei, me desesperei, mas superei, só que, como sempre, fingia para o mundo que estava bem, pra depois gritar sozinha o meu desespero.
Acabei tendo a oportunidade de mudar pra cá. Logo que cheguei, me apaixonei por um menino. E aí, conversando sobre a paixonite, um conhecido meu disse que eu era uma ótima pessoa, mas que ele nunca ia se interessar por mim porque eu era gorda. Lembro de ter retrucado na hora: "Talvez eu seja essa ótima pessoa justamente porque tive que desenvolver outras qualidades."
Mas será que tinha que ser assim? Será que se eu tivesse sido magra e bonita desde sempre eu teria sido "acessível" para as pessoas, ou seria totalmente diferente?
O fato é que escutei isso do tal conhecido, engoli fingindo mais uma vez que estava tudo bem, fui pra casa, e chorei, chorei. Aí achei que ia ser assim, que tinha que me conformar, essa era a minha vida. Não percebi naquela época que dependia de mim, e só de mim, mudar tudo isso.
Um pouco depois, até comecei a fazer uma dieta, saí dos 103kg. e cheguei nos 86kg. Mas acanei desanimando outra vez, porque eu achava que já tinha emagrecido, e não via que na verdade ainda era gorda, os outros ainda me viam assim. E até engordei um pouco mais de novo, e cheguei nos 90.
Fui viajar. Quando voltei, fiquei naquela...tinha realizado um dos maiores sonhos da minha vida, e agora, cadê as novas metas, os novos sonhos, as novas perspectivas?
Tive um estalo: preciso emagrecer. Não porque isso vai resolver todos os meus problemas, mas porque chegou a hora de descobrir como vou ser sendo magra, como é ser atraente, como vou ser quando me sentir uma pessoa normal.
E aí, em naquele 8 de setembro, cheguei aqui, o início do caminho. Agora, sei que posso até cair, mas levanto e tento de novo, quantas vezes precisar.

Falei demais, mas estava engasgado lá no diário, e estava engasgado aqui também.

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